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Poço Redondo: O último ato do cangaço no teatro do sertão

No coração do alto sertão sergipano, às margens do Rio Jacaré que circunda a cidade, ergue-se Poço Redondo, o maior município em extensão territorial do estado de Sergipe. Sua história urbana se entrelaça com a luta do povo sertanejo, a fé inabalável e os ventos da mudança que sopraram ao longo do século XX.

Povoado de Bonsucesso, no município de Poço Redondo – FOTO: Antônio Samarone.

Neste ponto do alto sertão sergipano, o sol aquece forte e a caatinga resiste firme, onde a história do Brasil ecoa entre pedras, veredas perante o curso majestoso do Rio São Francisco. Poço Redondo é um município de alma sertaneja e berço de lendas que marcaram o imaginário popular.

Grota de Angicos, local de grande valor histórico na rota do cangaço, onde se deu a morte de Lampião, Maria Bonita e outros 9 cangaceiros em 28 de julho de 1938, no território de Poço Redondo, Sergipe.

Às margens do Rio São Francisco, Poço Redondo cresceu sob a influência das águas generosas do rio, que alimenta plantações e dá vida às comunidades ribeirinhas. Mas é entre as veredas áridas e trilhas escondidas da caatinga que Poço Redondo abriga um dos capítulos mais marcantes da história do sertão nordestino: o fim do cangaço.

Foi neste solo vermelho e quente da Grota de Angicos, no município de Poço Redondo que, em 28 de julho de 1938, o bando mais temido e também mais fascinante do sertão encontrou seu desfecho trágico. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião ou simplesmente o Governador dos Sertões, sua companheira Maria Bonita, e outros 9 cangaceiros foram surpreendidos por uma emboscada das volantes militares – as forças policiais que caçavam o grupo havia anos.

A guia e historiadora alagoana Carla Silva e o jornalista baiano Athylla Borborema.

A grota, hoje ponto turístico e símbolo da resistência e da complexidade do cangaço, guarda o silêncio de um fim repentino e violento, mas também mantém viva a memória de um tempo em que os cangaceiros desafiavam coronéis, enfrentavam o desmando do Estado, lutavam por justiça a seu modo e cruzavam o sertão como personagens entre o crime e o mito.

O majestoso Rio São Francisco – de um lado o município de Piranhas, Alagoas – do outro lado o município de Poço Redondo, Sergipe.

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