Itamaraju: Morre aos 94 anos o bandeirante Odilon Botelho

Em família: Odilon Botelho (no centro) rodeado por filhos, netos e duas bisnetas.
Odilon Botelho – popularmente conhecido como o “bom e velho Dila” – faleceu na manhã deste último domingo (11/12/2022) em Teixeira de Freitas, aos 94 anos, de causas naturais, mas teve o corpo velado na capela do centro de Convivência do Idoso, na Rua Dom Pedro II, no bairro de Fátima e sepultado no início da tarde desta segunda-feira (12/12), no Cemitério São Cosme e São Damião, na cidade de Itamaraju, cidade para onde se mudou logo no início dos anos 60 quando a localidade ainda era o povoado de “Escondido” e se tornou anos depois um dos envolvidos na emancipação da cidade.
O bandeirante Odilon de Amorim Botelho, nasceu no dia do radialista, dia 21 de setembro de 1928. Em 2018, nos seus 90 anos de idade, a família preparou uma grande festa de aniversário para Odilon Botelho, no CLUB ARVO – Associação Recreativa Vale do Ouro, no bairro de Fátima, em Itamaraju, onde cerca de mil convidados entre parentes e amigos se fizeram presentes para um dia inteiro de festa.
Odilon Botelho deixou 14 filhos, 29 netos e 07 bisnetos. A longa prole é fruto dos dois casamentos que contraiu em vida. Na primeira vez, ele se casou com Guiomar Gonçalves Figueiredo, com quem teve oito filhos: Maria das Graças (in memoriam), José Elias, Raniere Botelho, Omário, Rita, Antônio, Marlicélia e Eustáquio. Por conta de um erro médico, Guiomar veio a óbito em março de 1971, obrigando Dila a deixar os filhos sob a guarda de parentes, apenas Elias e Antônio permaneceram sob seus cuidados.

Filho e Pai: Elias Botelho e o bom e velho Dila.
Em 1973, dois anos após a morte da primeira esposa, Odilon conheceu Euzenice Maria de Jesus, com quem conviveu até o final dos seus dias e teve mais sete filhos: Izailda, Izaildo, Izenilda, Ezenildo, Izabete, Izenete e Odilon Júnior.
Mas Odilon Botelho, cujo corpo descansa agora em paz no Cemitério São Cosme e São Damião de Itamaraju, deixou uma prole grande e honrada. Entre os seus filhos figura, por exemplo, o advogado e romancista Elias Botelho, que é autor de livros como “Trilha Amarga” e “O homem que desistiu de ser rico” e ocupa a Cadeira nº 33 da ATL- Academia Teixeirense de Letras.
Se não bastassem os herdeiros de seu exemplo de pai, avô, bisavô e cidadão, Dila teve a vida marcada por aventuras que inspiraram o filho escritor que tem predileção pela temática rural. Com certeza, inspirado na vida paterna voltada ao cultivo da terra, especialmente à cultura do cacau.
Inicialmente, o clã dos Botelho trocou a cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, por Itabuna, no sul da Bahia, mais precisamente por uma localidade chamada Ferradas, onde nasceu escritor Jorge Amado. Os Botelhos vieram para a terra do cacau atraídos por melhores condições de vida.
A decisão de trazer a família para o sul baiano, no início do século XX, partiu do patriarca dos Botelhos, Eustáquio Alves Botelho, que era casado com Donatilha Xavier Amorim. Avós paternos do pequeno Odilon de Amorim Botelho, que nasceria em 21 de setembro de 1928 em Ribeirão das Antas, no município de Itabuna, na época -, hoje território de Jussari.

O Velório ocorreu na Capela do Centro de Convivência do Idoso em Itamaraju.
Foi em Ribeirão das Antas que o pai de Dila, Antero Alves Botelho, adquiriu um pedaço de terra e, em seguida, convidou o patriarca Eustáquio e alguns familiares para desbravar a mata virgem. Décadas depois, com a propriedade ampliada, o patriarca dividiu tudo com os filhos.
Nesse cenário exuberante, marcado por dificuldades de toda ordem, o pequeno Odilon foi criado. Aos cinco anos, já acompanhava os pais na lida na roça. Aos oito anos, realizava serviços de capinagem e roçagem. Aos quinze anos, trabalhava como secador de cacau na barcaça e estufa de seu pai. Até porque era o filho mais velho e, portanto, era pau para toda obra.
A idade de 15 anos marca também o início dos problemas de saúde que Odilon enfrentaria pelo resto da vida, mas que, ainda assim, permitiram que ele chegasse à idade avançada de um nonagenário.
O primeiro problema grave foi uma apendicite, que obrigou que ele fosse transportado numa rede carregada por 15 homens, durante 14 horas, para ser atendido por um médico na atual cidade de Buerarema. Ele ficou alguns dias sob os cuidados do médico João Pina, até que tivesse alta e retornasse para casa.
Um mês depois as dores retornaram mais intensas deixando a família em desespero. A notícia de que um médico renomado de Salvador estava atendendo em Itabuna animou a família a mandar o jovem para lá. Por causa do inchaço no abdômen, o jovem foi aconselhado a fazer uso da penicilina – antibiótico que havia sido descoberto havia poucos anos por Alexander Fleming – antes de se submeter à cirurgia.

Centenas e centenas de pessoas passaram pelo velório em despedida para o último Adeus ao bandeirante Odilon Botelho.
Antes de receber alta, por causa de complicações pós-operatórias, o jovem teve que ser operado de novo. Um ano depois, com a saúde restabelecida, finalmente voltou para Ribeirão das Antas, para a alegria da família. No entanto, teve que se manter longe de qualquer esforço físico.
Eis aí o primeiro de tantos problemas de saúde que o bom e velho Dila teve que enfrentar pela frente. Isso sem contar, evidentemente, a perda da primeira esposa, o desafio de cuidar dos filhos e, também, a grande aposta que foi trocar Salto da Divisa, no Vale do Jequitinhonha, por Itamaraju, no extremo sul da Bahia. Dessa vez para ficar em definitivo.
A derradeira aventura que Odilon Botelho enfrentou em vida foi ter se mudado, no final de 2018, com sua família para Teixeira de Freitas, cidade mais importante da região, onde faleceu na manhã do último domingo, dia 11 de dezembro de 2022. Mas recebeu o adeus final em Itamaraju. Que seja lembrado como um bom pai e um velho amigo. Enfim, como o bom e velho Dila. Aliás, foi em Itamaraju que a maior parte da história do bandeirante Odilon de Amorim Botelho foi escrita, onde deixou um grande legado.