2021 marca o centenário do artista plástico Frans Krajcberg
Para encerrar as comemorações do centenário de nascimento do artista plástico brasileiro Frans Krajcberg – o jornalista baiano Athylla Borboarema, um dos textos mais refinados do Brasil e com uma trajetória de superação semelhante à de Frans Krajcberg, apresenta uma biografia da trajetória do artista, que trata-se do livro biográfico, intitulado “Frans Krajcberg: o poeta da árvore”, lançado pela Editora LURA (SP), com 450 páginas e que demorou 5 anos para ficar pronto. O autor Athylla Borborema, fá incondicional do artista plástico, acompanhou o percurso do biografado desde 1989 e manteve uma interlocução pessoal com o artista nos seus últimos 17 anos de vida.
O livro é parte das comemorações do aniversário de nascimento do escultor Frans Krajcberg e encerra as celebrações ao seu centenário que ocorreram em várias capitais e cidades do Brasil e do mundo neste ano de 2021 em virtude da grande importância que o artista representava e que até hoje suas obras representam para o planeta. O livro “Frans Krajcberg – O poeta da árvore”, pinta o retrato de uma arte singular, tanto que na sua época foi considerado como um dos 10 artistas mais influentes do planeta e outorgado inúmeras vezes por países da Ásia, da Europa e das Américas como o maior escultor do mundo.
O livro é uma “biografia não autorizada” sobre a história do escultor Frans Krajcberg – a obra é mais do que um livro sobre a vida e obra do artista, é um tratado sobre as lutas, as derrotas e as conquistas de quem nunca se deixou abater. Nasceu na Polônia, mas nunca quis se considerar polonês. Declarava que a Polônia havia tirado tudo de mais importante da sua vida, matou toda a sua família. Um artista que nunca se deixou abater, seja pela indiferença dos governos ou pela ignorância da humanidade.
Krajcberg escolheu o Brasil para chamar de lar. Mas não uma cidade qualquer. Queria estar perto da vida que pulsava, da natureza que considerava única. Escolheu Nova Viçosa, uma cidade litorânea da região extremo sul da Bahia, conhecida por praia dos mineiros, goianos e brasilienses, com uma das belezas naturais mais encantadoras do hemisfério sul, munida de sedutoras praias sob a restinga, manguezais e a mata nativa. Frans Krajcberg foi naturalizado brasileiro em 1957. O artista plástico faleceu no dia da Proclamação da República, no Hospital Samaritano, no dia 15 de novembro de 2017, na cidade do Rio de Janeiro. Suas cinzas estão depositadas no tronco de madeira que sustenta a sua Casa da Árvore no Sítio Natura em Nova Viçosa, no extremo sul da Bahia.
Frans Krajcberg era um brasileiro de alma, baiano por opção, novaviçosense de coração, cidadão do mundo, construiu uma trajetória singular pela sua luta em defesa da vida, foi capaz de unir arte e meio ambiente num trabalho que foi além do encantamento. Frans Krajcberg resiste os traumas da infância, combate a guerra, persiste após o holocausto que fora vítima toda sua família, tolera a vulnerabilidade ao chegar ao Brasil em 1948, abraça seu espaço em Nova Viçosa em 1972, debela o fogo, afugenta o ladrão de madeira, espanta o desmatador, cinge a floresta, enxota o falsário de obra de arte e quem mais o queria fora de combate. O escultor foi um artista em defesa do meio ambiente pela arte por transbordamento, a trajetória pessoal do artista plástico colocou-o em defesa da vida. Krajcberg só reencontra a humanidade quando já é um artista reconhecido, consagrado.
Frans Krajcberg era um artista plástico, pintor, escultor, gravador, escritor e fotógrafo singular, cujas imagens que produziam falavam por si só, ele se definia mais como ambientalista do que como artista. No Brasil, elaborou 11 manifestos nacionais, mais de 50 gritos públicos, publicou 14 livros, recebeu mais de dois mil prêmios, cerca de 50 livros e pelo menos 32 documentários e filmes foram produzidos no Brasil e em vários outros países do mundo em sua homenagem. Enfim, se tornou um artista requisitado e prestigiado em todo mundo, sua vida ganhou documentários, filmes, honrarias e agora, uma bela “biografia não autorizada”, escrita pelo jornalista Athylla Borborema.
Em resumo: “Biografia não autorizada” é um livro escrito sobre a trajetória de alguém com livre manifestação jornalística e independência absoluta, sem que tenha sofrido nenhuma influência do biografado, herdeiros, parentes ou de interessados. Já a “biografia autorizada” é todo aquele livro produzido sob a autorização e a revisão do biografado. No Brasil, “biografia não autorizada” segue a conformidade da interpretação da Constituição da República aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas) assegurada em decisão do STF, 2015, que julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) 4815 e declarou inexigível a autorização prévia para a publicação de biografias, sob pena de rasgar partes da história.