Um Gole D’Água
Os poemas de “Um Gole D’água” são referências que foram valorizados como manifestações simbólicas, melhor dizendo, como fortuna simbólica implícita. No livro, publicado pela primeira vez em 2002 e republicado em 2016, o autor associa cada poema, a uma ilustração alusiva buscando formar uma imagem que estabeleça um vínculo entre a realidade e a poesia. Os textos de Athylla Borborema referentes aos poemas constam descrições botânicas dos mesmos e de algumas de suas relações com a fauna e sob o enfoque da educação ambiental crítica.
Não é da natureza da poesia ter propósitos, deles se ocupa da educação ambiental. No conjunto dos comentários as árvores surgem em contextualização geográfica, histórica, econômica, social, estética e cultural. Contextualizar com fatores da realidade é proposta literária que coaduna criatividade, literatura e questões ambientais. Tal fato instiga o leitor a se despertar para a importância do entendimento interdisciplinar de preservar a fauna e a flora.
“Um Gole D’água” traz nas suas poesias as águas e as mágoas de um rio, a falta de moradia humana, o desaparecimento de matas, o sofrimento de animais, a poluição e o desgosto da terra. “Um Gole D’água” traz uma literatura de uma linguagem não oficial, é a linguagem da liberdade, da reflexão, dos silêncios e da criação. É a linguagem da livre expressão que torna autônomo o sujeito que reconhece no campo de sua liberdade, sua capacidade de ver e fazer-se na vida. Nessa perspectiva, o ser humano trabalha trazendo a literatura para a construção das ideias, visões e discursos.
A proposta da formulação do livro nasceu da interface própria e cabível entre dimensões ambientais, educacionais e poéticas. A poesia, na elaboração do livro, é o componente maior para a sensibilização e identidade do sujeito adolescente e criança com a árvore. Árvore por sua vez, que em seu sentido lato e poético é o estímulo para a reflexão ambiental. A poesia e a informação se aliam num momento privilegiado para despertar o sentimento e o afeto de cuidado com o meio ambiente.
É forma indispensável de uma linguagem que busca o diálogo, a introspecção e a reflexão do sujeito no mundo e do mundo que os sujeitos constroem. Nesta perspectiva “Um Gole D’água” caminha, deixando claro que fazer poesia é construir novos mundos contribuindo para a consolidação do conhecimento e para a formação dos sujeitos em processo. E, assim, de uma proposta simples, a problematização acontece.
Afinal, a literatura, em seu poder de instigar, de encantar de “como-ver” gera comportamentos, sentimentos e atitudes. Nós seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto, quem chuta ou maltrata um animal é alguém que não aprendeu a amar. O meio ambiente e tudo o que ele oferece é essencial para a vida de todos os seres vivos.
O livro “Um Gole D’água” nasce no momento que a mãe natureza pede clemência ao homem, filho do próprio solo que deixa suas fontes secar, sem respeito algum as suas futuras gerações. E as pessoas são como água, algumas são límpidas e transparentes outras velozes e úteis. A sutileza e a força unida numa sinfonia perfeita, transparecendo sua fragilidade e transcendendo seus movimentos, isso é a mãe natureza nos lembrando que todos somos a natureza e não parte dela.
Nesta obra será fácil refletir por meio dos nossos poemas que o ser humano tem ligação direta com a natureza, mas nem todos conseguem perceber essa conexão. A busca por aproximar as pessoas da consciência ecológica norteia o nosso trabalho. Muita gente somente começa a se interessar pela diversidade da natureza depois de entrar na faculdade ou quando se identifica com algum trabalho que descreve o papel do meio ambiente na sobrevivência da humanidade.
A relação com a natureza precisa ser estreitada no período escolar. A escola ensina desde cedo para os alunos que eles devem fechar a torneira enquanto escovam os dentes. E também é aconselhável ensiná-los sobre as cadeias produtivas, como funciona o processo de produção de cada objeto e de cada alimento que consumimos. Quanto de água gastamos ao jogar um pedaço de pão com margarina no lixo? Quanto se gasta para produzir o banco de couro de um carro?
É importante que as crianças se preocupem com o futuro do planeta, mas elas também devem aprender essas conexões. É preciso entender que está tudo muito ligado ao consumo. É importante que a escola explique, quais são os processos da natureza fundamentais para a nossa sobrevivência e como podemos cuidar deles para que não se esgotem. O trabalho é de formiga, mas é uma ferramenta que pode ser utilizada para mostrar às pessoas que a mudança também passa por elas. O autor acredita que o ato de escrever é mais uma possibilidade de transformação de quem nos ler e, é isso que move todos os autores.
Para Athylla Borborema, as pessoas investem muito na tecnologia e acham que ela pode melhorar ou consertar qualquer coisa. Mesmo concordando que os aparelhos modernos podem trazer benefícios, cada um de nós devemos fazer a nossa parte. Para aqueles que querem fazer algo pelo planeta hoje, amanhã e sempre é repensar o próprio consumo. Esse é um passo importante para entender todas às questões ligadas ao meio ambiente e à preservação. Fazer o caminho inverso de tudo aquilo que consumimos pode nos mostrar de uma maneira mais clara qual é a nossa conexão com o meio ambiente.
O autor Athylla Borborema ressalva que a educação ambiental envolve aspectos diferenciados do saber, lidando com elementos que devem “tocar corações e mentes” para favorecer a sua eficiência como sensibilizador das artes. Foi nesse sentido, que ele buscou uma temática ambiental poética para a construção de “Um Gole D’água” com os objetivos básicos de envolver o leitor e de romper os limites disciplinares, inspirando atividades integradas à realidade dos sujeitos da educação. Sujeitos que reconstroem sua história, que modificam sua forma de ser e se fazer no mundo.
O livro “Um Gole D’água” compartilha poemas sobre os rios, as terras, os animais e as belezas da natureza. Obra vencedora do Troféu 7 Maravilhas do Mundo, concedido pela Fundação Biblioteca Nacional do Brasil e a Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes no Rio de Janeiro; Medalha Guardião da Paz, da Justiça e do Meio Ambiente, conferida pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz no Rio de Janeiro; Menção Honrosa do Ministério do Meio Ambiente do Brasil e levou o seu autor a ganhar o Personalidade do Ano, da Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente do Rio de Janeiro. Título de Embaixador da Paz e do Meio Ambiente, conferido pelo 15º Congresso Brasileiro de Poetas Trovadores em Santa Teresa – ES. E o Troféu do Mérito Cultural Frans Krajcberg 2017 “Grito da Natureza”, uma condecoração outorgada pelo próprio artista plástico Frans Krajcberg nas comemorações dos seus 96 anos de vida, pelo reconhecimento as contribuições do autor na construção da identidade nacional da Cultura e do Meio Ambiente.