publicidade

Livro biográfico de Athylla Borborema narra a saga do gigante artista Frans Krajcberg

O evento que encerrou as comemorações do centenário de nascimento do artista plástico brasileiro Frans Krajcberg, em 2021 – aconteceu na noite desta sexta-feira, dia 17 de dezembro, com o lançamento da 1ª biografia 100% exclusiva para a trajetória do escultor -, escrita pelo jornalista Athylla Borborema e trata-se do livro “Frans Krajcberg – O poeta da árvore”, que reúne dezenas de entrevistas e centenas de falas de artistas famosos do Brasil e do mundo inteiro. O livro foi o grande momento da sessão final de 2021 da ATL – Academia Teixeira de Letras, no plenário Francistônio Alves Pinto da Câmara Municipal de Teixeira de Freitas, da qual instituição lítero-cultural, o escritor e jornalista Athylla Borborema é o presidente nesta gestão 2021/2022.

O livro intitulado “Frans Krajcberg: o poeta da árvore”, publicado pela Editora LURA, de São Paulo, com 450 páginas, demorou 5 anos para ficar pronto e ganhou uma capa especial que vem arrancando somente elogios, desenvolvida pelo design gráfico baiano Luiz Fernando dos Santos Souza. Em seu discurso o jornalista Athylla Borborema que acompanhou o percurso do biografado desde 1989, ainda quando estudante de jornalismo na Universidade Federal da Bahia e manteve uma interlocução pessoal com o artista nos seus últimos 17 anos de vida, disse que o livro representa a essência que foi Frans Krajcberg para o planeta e espera profundamente que a biografia morda eternamente cada leitor ao se deliciar com a obra.

Frans Krajcberg era um artista plástico, pintor, escultor, gravador, fotógrafo singular, cujas imagens que produziam falavam por si só, ele se definia mais como ambientalista do que como artista. No Brasil, elaborou 11 manifestos nacionais, mais de 50 gritos públicos e publicou 14 livros. Durante a carreira, Krajcberg participou de 206 exposições coletivas entre 1950 a 2016 em 122 cidades diferentes de 33 países, promoveu 92 exposições individuais entre 1945 a 2012 em 66 cidades diferentes de 28 países do mundo, recebeu mais de dois mil prêmios, cerca de 50 livros lhe homenagearam pelos 6 continentes. Enfim, se tornou um artista prestigiado em todo planeta, sua vida ganhou pelo menos 32 documentários e filmes no Brasil e em vários outros países em sua homenagem.

Mas somente no seu centenário (1921/2021), já em sua imortalidade, Frans Krajcberg ganhou a primeira biografia da sua história, escrita por um baiano com uma trajetória de superação semelhante à sua, porque foi a Bahia que o artista escolheu para viver os últimos 45 anos da sua vida. O jornalista Athylla Borborema, um dos textos mais refinados da sua geração, narra o livro com início, meio e fim, numa maestria singular, peculiar de quem conhecia tão bem a vida e a obra do escultor Frans Krajcberg, um ídolo com um movimento de superação narrado no mundo inteiro.

No lançamento do livro que celebrou o centenário de Frans Krajcberg, a apresentação da obra biográfica, ficou por conta do acadêmico Raimundo Magalhães, coronel da reserva remunerada da Polícia Militar do Estado da Bahia, escritor, professor universitário e titular da Cadeira nº 13 da ATL – Academia Teixeirense de Letras, da qual instituição é o diretor financeiro, disse que Frans Krajcberg era um brasileiro de alma, baiano por opção, novaviçosense de coração, cidadão do mundo, construiu uma trajetória singular pela sua luta em defesa da vida, foi capaz de unir arte e meio ambiente num trabalho que foi além do encantamento.

“O livro é o que de mais cronológico e belo que já se viu sobre a trajetória desse artista que encantou o mundo com seu ativismo ambiental e com as suas obras de artes de enorme aporte para a educação do planeta. Frans Krajcberg foi um cidadão do mundo com a maior das contribuições ao meio ambiente e a cultura, arrebatou os prêmios mais importantes do planeta, foi protagonista de mais de 30 filmes e recebeu as maiores das homenagens em 69 anos de ativismo e de vida artística, mas somente hoje (17-12-2021) ganha uma biografia 100% dedicada à sua memória. Nossos aplausos ao confrade Athylla Borborema pela missão que lhe custou 28 anos de dedicação e reservou os seus últimos 5 anos para exclusivamente produzir este grande trabalho, sobre a história de um dos homens mais fascinantes que já habitou na terra e viveu os últimos 45 anos da sua vida em Nova Viçosa”, celebrou o escritor Raimundo Magalhães.

O advogado do artista Ernani Griffo Ribeiro, membro da comissão de herdeiros do biografado e que viajou o mundo na companhia do escultor, fez parte da mesa e festejou com muita emoção a publicação da biografia dedicada ao artista plástico Frans Krajcberg. “Estamos muito felizes com a publicação da primeira biografia dedicada à memória do nosso amado Frans Krajcberg. A artista plástica Márcia Barrozo do Amaral, o escultor Oraldo do Nascimento Costa, o policial militar Carlos Roberto Magalhães Monteiro, a administradora Marlene Figueiredo Gonçalves e Eu, somos realmente os únicos parentes que Krajcberg deixou em testamento e por isso, celebramos este momento memorável e singular para a memória dele. Athylla Borborema teve a oportunidade de iniciar esta produção ainda com Krajcberg em vida, o artista gostava muito do Athylla e se hoje aqui estivesse, estaria ele recebendo um dos maiores presentes da sua vida – porque, o Athylla narra a sua trajetória numa precisão profunda que nos emociona do início ao fim”, disse o doutor Ernani Griffo Ribeiro.

O advogado Ernani Griffo Ribeiro, procurador de carreira do município de Nova Viçosa e amigo de quase três décadas de Frans Krajcberg, foi quem sempre cuidou da sua vida jurídica, inclusive foi o testador de Krajcberg e guardou segredo absoluto sobre o testamento, lavrado pelo artista 2 anos antes da sua morte. “A biografia do nosso caro Athylla Borborema nos faz entender que Frans Krajcberg, sempre quis tornar visível esse percurso da destruição e de como a sua arte, em contato com a natureza, foi a potência que o ajudou enfrentar a questão de sua própria vida. Krajcberg pensava que nada seria mais apropriado para um artista, que nem sempre se dizia artista, mas que foi um defensor incansável do meio ambiente e um combatente aguerrido contra a destruição da natureza, pontuava que o importante é respirar. Preservar a natureza não é outra coisa senão preservar o direito à respiração; o direito à vida. Preservar aquilo que nos permite respirar”, ressaltou.

O deputado estadual Carlos Robson Rodrigues da Silva, o “Robinho” (PP), que já foi prefeito duas vezes do município de Nova Viçosa e é um defensor das obras de Frans Krajcberg, disse que o artista representa o retrato de uma arte singular, tanto que na sua época foi considerado como um dos 10 artistas mais influentes do planeta e outorgado inúmeras vezes por países da Ásia, da Europa e das Américas como o maior escultor do mundo. Fez alusão o último capítulo do livro, contando a história do cuidado demonstrado pelo governo Jaques Wagner em relação as obras do artista, mas ao doar o seu acervo para o Estado e o artista falecer em 2017, o atual governo de Rui Costa virou as costas para o patrimônio do artista. O deputado estadual Robinho disse que estados e países brigaram a vida inteira pelo acervo de Krajcberg, já o Estado da Bahia ganhou de bandeja todo o patrimônio do escultor em 2009, mas nenhuma importância tem dado ao Sítio Natura.

“Não me lembro de ter conhecido ninguém tão mais importante na vida sem que tenha sido o Frans Krajcberg, um homem de vida simples, um poço de sabedoria, valorizado, que possuía status de estadista, porque era assim que ele era recebido em qualquer país do mundo, com honras de chefe de estado. E que o Governo da Bahia precisa agora é cumprir o seu papel, é fazer valer a vontade do artista. O meu amigo Athylla Borborema, um jornalista comprometido, de texto fino, documentarista aplaudido no Brasil, mestre e doutor em jornalismo científico, com mais de 30 livros publicados, inclusive, 6 best-sellers, merece nossos parabéns com louvor pela sacada e de ter se dedicado os últimos 5 anos pensando neste momento do centenário desse artista gigante. Athylla foi muito sábio”, disse o deputado Robinho.

O juiz de direito Marcus Aurélius Sampaio, titular da 2ª Vara do Sistema dos Juizados Especiais da Comarca de Teixeira de Freitas e membro titular da Cadeira nº 06 da ATL – Academia Teixeirense de Letras, disse que o alfabeto de Frans Krajcberg era realmente as imagens vistas nas suas obras expostas, que sempre foram, ponto de partida para uma reflexão mais abrangente sobre o homem e sua relação com o meio ambiente. Por isso, os espaços que criou, nunca se restringem apenas a exposições. Eram locais de encontros, de reflexão, de proposições, de troca livre de ideias, de registro delas e de difusão do conhecimento alcançado.

“Estou completamente tomado de emoção com este livro maravilhoso do confrade Athylla Borborema que nos traz um Frans Krajcberg muito original, que dançava quando se deparava por belas paisagens a sua frente, que se indagava como era possível se fazer uma arte tão bela. Esta biografia “não autorizada” do escultor Frans Krajcberg, escrita pelo nosso presidente da ATL, jornalista Athylla Borborema, é mais do que um livro sobre a vida e obra do artista, é um tratado sobre as lutas, as derrotas e as conquistas de quem nunca se deixou abater, seja pela indiferença dos governos ou pela ignorância da humanidade”, celebrou o juiz Marcus Aurélius.

Biografia não autorizada

Uma “Biografia não autorizada” é um livro escrito sobre a trajetória de alguém com livre manifestação jornalística e independência absoluta, sem que tenha sofrido nenhuma influência do biografado, herdeiros, parentes ou de interessados, ou seja, uma “biografia não autorizada” é quando todos estão de acordo, mas não envolve combinações financeiras e o jornalista tem liberdade plena para narrar qualquer assunto na obra sem censura. Já a “biografia autorizada” é todo aquele livro produzido sob a autorização e a revisão do biografado, que na maioria das vezes envolve acordos financeiros para a contratação do trabalho.

No Brasil, “biografia não autorizada” segue a conformidade da interpretação da Constituição da República aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas) assegurada em decisão do STF, 2015, que julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) 4815 e declarou inexigível a autorização prévia para a publicação de biografias, sob pena de rasgar partes da história.

Frans Krajcberg

Frans Krajcberg nasceu no dia 12 de abril de 1921 em Kozienice, uma cidade com cerca de 18 mil habitantes no Vale do Rio Vístula, ao sudeste do estado da Mazóvia, na Polônia, país do leste Europeu, distante a 94 quilômetros da capital do estado Varsóvia e unidade federativa do país com quase 2 milhões de habitantes. Seu pai era comerciante e sua mãe, militante comunista. Krajcberg tinha quatro irmãos. Ele era o terceiro de cinco filhos: dois irmãos e duas irmãs. Por ser polonês de origem judaica, teve que estudar separado dos outros alunos, por causa do exacerbado nacionalismo polonês. Descendente de família judia, viu sua mãe ser enforcada pelas forças da Alemanha Nazista durante a II Guerra Mundial. O restante da família morreu em campos de concentração.

Vivia em Częstochowa, cidade ao sul de sua terra natal, quando começou a Segunda Guerra Mundial. Aos 18 anos, Frans Krajcberg caiu prisioneiro dos alemães, mas conseguiu escapar 4 anos e meio depois e entrar para o lado soviético, onde virou herói de guerra como construtor de pontes. Frans Krajcberg resiste os traumas da infância, combate a guerra, persiste após o holocausto que fora vítima toda sua família, tolera a vulnerabilidade ao chegar ao Brasil em 1948, se naturaliza brasileiro em 1957 e abraça seu espaço em Nova Viçosa em 1972, debela o fogo, afugenta o ladrão de madeira, espanta o desmatador, cinge a floresta, enxota o falsário de obra de arte e quem mais o queria fora de combate.

Krajcberg só reencontra a humanidade quando já é um artista reconhecido, consagrado. Krajcberg escolheu o Brasil para chamar de lar. Mas não uma cidade qualquer. Queria estar perto da vida que pulsava, da natureza que considerava única. Escolheu Nova Viçosa, uma cidade litorânea da região extremo sul da Bahia, com uma das belezas naturais mais encantadoras do hemisfério sul, munida de sedutoras praias sob a restinga, manguezais e a mata nativa. O artista plástico faleceu no dia da Proclamação da República, no Hospital Samaritano, no dia 15 de novembro de 2017, na cidade do Rio de Janeiro. Suas cinzas estão depositadas no tronco de madeira que sustenta a sua Casa da Árvore no Sítio Natura em Nova Viçosa.

publicidade