Discurso de posse de Athylla Borborema na presidência da Academia Teixeirense de Letras
Discurso na íntegra do escritor e jornalista Athylla Borborema Cardoso durante sua posse na presidência da ATL – Academia Teixeirense de Letras, na noite do dia 10 de dezembro de 2020, para o biênio 2021/2022. A instituição litero-cultural tem base nos 13 municípios do baixo extremo sul da Bahia e a eleição de Athylla Borborema ocorreu em julho passado por aclamação dos 40 imortais e membros efetivos da entidade máxima da literatura na Costa do Descobrimento, com sede regional em Teixeira de Freitas.
Discurso
Ao tomar posse nesta noite na presidência da Academia Teixeirense de Letras, é com prazer e enorme emoção, que assumo a liderança deste colegiado acadêmico do alto-comando da cultura literária regional, para participar de um estado-maior das letras e das artes, cujas decisões são da maior importância para o desenvolvimento e a cultura de nosso povo do extremo sul da Bahia. Aqui estou ao lado de ilustres acadêmicos uniformizados das suas pelerines com as cores do patriotismo e do saber e com os alarmares de ouro, que simbolizam a profunda cultura e a experiência daqueles que já provaram os resultados do estudo aprofundado e inspirado, não só das letras, como das ciências e das artes e, principalmente, dos interesses maiores da nossa região, do nosso estado, do nosso país e de todo o planeta.
Ao longo dos séculos a cultura e a política têm andado continuamente juntas. Por todas estas razões, estamos já agora, aqui nesta Academia de Letras, independentemente de ideologias ou de partidos políticos, de crises, de corrupções, de CPIs ou de problemas efêmeros. Estamos já agora absolutamente determinados a confirmar a nossa competência como Povo da cultura e a nossa perseverança como Povo amante da paz. O papel da ATL é interferir, ajudar, contribuir e lecionar através da arte e da cultura. Praticaremos muitas indagações sem valor para obtermos retornos valorosos, mas temos a oferecer o comprometimento. Afinal, quem não questiona não se instrui.
Chego como o segundo presidente da história da ATL para celebrar a vitória das artes, da cultura e da educação. Daqui em diante, tudo o que fizermos terá um valor maior, principalmente o valor literário, e será maior ainda a nossa visibilidade enquanto academia, enquanto acadêmicos e enquanto seres humanos. Cientes estamos do nosso valor diante das artes, das letras, da cultura e da correção política. A nossa existência – quanto acadêmicos em Teixeira de Freitas – é a certificação do reconhecimento do nosso trabalho como colaborador na construção do processo da educação e que nossas ações tenham significado cultural e compromisso com a arte. Externo aqui a todos os meus confrades e confreiras da ATL a minha gratidão, por proporcionarem esta oportunidade singular, e reafirmo o meu compromisso com a “cultura da língua nacional” e com o apego literário de aprazível valor em favor da arte.
O biênio 2021/2022 nos aguarda, o futuro nos espera e que Deus seja o nosso maior orientador, para que a nossa união seja plena, feliz, sólida e que o nosso sucesso seja o mesmo da ATL, da população teixeirense, do povo da Costa do Descobrimento, que o nosso sucesso seja o sucesso da arte, das letras, da cultura em geral.
Um grande desafio nos espera, que é levar a ATL aos pontos mais importantes das cidades da nossa região, que é transformá-la ainda mais conhecida e efetivamente resolutiva na vida de estudantes e apaixonados pelas letras. Nosso desafio se torna ainda maior que é conquistar a tão sonhada sede própria da ATL.
Uma reunião para janeiro de 2021 será necessária, com a sugestão de um “Chá da Tarde” para nos interagirmos e colhermos as ideias mais importantes, para colocarmos em prática como forma de motivar os nossos acadêmicos e aproximarmos anda mais a ATL da sociedade. E que mantenhamos as parcerias estabelecidas nos últimos 4 anos e possamos continuar contando com a preciosa atenção e colaboração do nosso presidente-primeiro Almir Zarfeg.
Será a partir das ideias dos nossos acadêmicos que vamos promover uma gestão participativa, motivada e com interação plena com a sociedade regional, para que a ATL possa estar onde a cultura se fizer presente, num entendimento claro de que “A cultura é a mãe da educação”. Nossa finalidade é suceder ao poeta Almir Zarfeg com a mesma maestria com que a conduziu nestes quase 5 anos, embora levando junto a nossa visão democratizada e descentralizada, para que possamos exercer a democratização das nossas ações e que todos tenham acesso ainda mais a nossa Academia. Não haverá saída possível se não lançarmos um olhar frontal e desarmado para o presente. Não como súditos ou inimigos, mas enquanto cidadãos para construir, de forma inclusiva e generosa, o bem comum.
A partir de agora, sei da minha responsabilidade como presidente da ATL e o meu papel de bem representá-la, amá-la e servi-la, eis que uma instituição ainda jovem, embora com tradição de possuir em seu seio grandes escritores de elevados sentimentos artístico, cultural e humano, me faz compreender a magnitude de tal função que hora passo a ocupar. Elevando a minha celebração ao nosso poeta Antônio Frederico de Castro Alves, nosso patrono maior da ATL.
“Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar”, Clarice Lispector, que, se viva estivesse, faria hoje 100 anos de idade, uma ucraniana, radicada no Brasil com menos de 2 anos de idade, onde se consolidou como uma das escritoras brasileiras mais importantes do século 20.
Hoje encontramo-nos às vésperas de um ano que exigirá muito de nós, da nova diretoria. Se aprendemos com a gestão que hora é substituída, devemos aprender ainda mais com a substituta. Mas na tradução de um texto de Platão recolhi o seu seguinte conselho: “Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice”. E nos últimos quatro anos de convivência com confreiras e confrades, enquanto envelheço, aprendi muito nesta casa, por estar ao lado de amigos e amigas que me ensinaram e me apoiaram. Entre eles, e são todos, peço vênia para celebrar os nossos acadêmicos ausentes que não puderam estar presentes para se manter o distanciamento social em virtude da pandemia do novo coronavírus e para citar meus colegas de diretoria.
Recepciono com muito prazer o escritor e engenheiro Carlos Mensitieri para compor conosco a vice-presidência neste próximo biênio.
Acolho na nossa nova diretoria com muita alegria na secretaria geral o professor e poeta Erivan Santana.
Recebo com extremado apreço o coronel da reserva da Polícia Militar e escritor, Raimundo Magalhães, para ocupar a tesouraria neste próximo biênio.
O conselho fiscal da ATL vem representado por três acadêmicos da maior grandeza: o matemático e poeta Armando Azevedo, a advogada e romancista Gisele Ellen e a letrista e romancista Patrícia Brito.
Momento que anuncio neste momento que a Diretoria de Eventos da ATL passará a ter a denominação de Diretoria de Relações Institucionais e fica nomeado para este cargo para o biênio 2021-2022, a quem acolhemos com muita satisfação e festejada recepção, o escritor e advogado, pedagogo e professor universitário da maior grandeza – Valci Vieira dos Santos.
Nas duas primeiras gestões da ATL tive o prazer de ocupar a vice-presidência do jornalista e poeta Almir Zarfeg, homem de puro saber, que com muita sabedoria e harmonia conduziu os primeiros 4 anos e nove meses de gestão da Academia Teixeirense de Letras – com quem a gente só aprende, agradece e cresce. Ao nosso eterno presidente Almir Zarfeg a minha admiração, consideração, estima e gratidão infinita por tudo e, que num futuro breve, o confrade se torne nosso mais sonhado presidente honorífico da ATL.
Por fim, recorro a Guimarães Rosa, um bom guia quando se trata de caminhadas, para entender que, tal e qual nas caminhadas pelas veredas do grande sertão, o real não está na saída nem na chegada; ele se dispõe para a gente é no meio do caminho. No meio do caminho, já nos ensinou outro mineiro, encontra-se uma pedra. Mas as pedras rolam e, assim, os obstáculos pretendo superar com o apoio dos companheiros de diretoria, com a compreensão da ilustre companhia e com a colaboração e os esforços do eficiente corpo de acadêmicos comprometidos desta Casa, sempre atentos e torcedores.
Assumo esta presidência com o coração aberto para o diálogo. O futuro da Academia Teixeirense de Letras de nada valerá se o coração desta Casa de Castro Alves não bater no compasso herdado dos antigos, dos nossos patronos, fundadores e antecessores. É nesse ritmo, e nesse rito, na sequência dos exemplos que recebemos dos que zelaram pela ATL, que se construirá um futuro do qual as gerações sucessoras poderão se orgulhar do que fizemos, da mesma forma que hoje, no presente, nos orgulhamos do passado que nos deixa agora. A gestão do confrade Almir Zarfeg deixa uma herança preciosa de trabalho por esta instituição literária, servindo-a sem dela nada exigir, a não ser o conforto do convívio da ilustre companhia. Assim continuamos e continuaremos, com o coração forte, voltado para o alto, coração antigo e, à moda antiga, brando com os brandos, mas duro com os duros, para continuar escrevendo as páginas da mais bela história da cultura regional, baiana e da cultura brasileira.