Barra do Cahy em Prado foi a 1ª Praia descoberta pelos portugueses e o cenário continua encantador em Cumuruxatiba
De grande importância histórica, a Barra do Cahy, localizada a 15 quilômetros pela estrada da BA-001, adjacente ao balneário de Cumuruxatiba, no litoral norte do município de Prado, na Costa das Baleias, recebeu no ano 2000, por ocasião das comemorações dos 500 anos do Brasil, com a presença do então presidente Fernando Henrique Cardoso, em cerimônia na cidade de Porto Seguro, o título de 1ª Praia do Brasil, por ter sido o local onde os português da esquadra naval do capitão-mor Pedro Álvares Cabral aportaram ao cair da tarde daquela quarta-feira do dia 22 de abril de 1500 no Recife dos Carapebas e na Foz do Rio Cahy, o subcomandante de Cabral, o capitão Nicolau Coelho ancorou para tentar estabelecer um contato com os índios que já viviam no local.
O jornalista, escritor e documentarista Athylla Borborema, é um filho ilustre do local, ele nasceu na Foz do Rio Cahy, em 29 de setembro de 1970 e é quem narra com muita precisão nos seus livros e filmes a importante história desta região para a Certidão de Nascimento do Brasil. Na época, o subcomandante da esquadra naval de Cabral, o capitão Nicolau Coelho foi o responsável por promover o primeiro contato com os índios pataxó e tupiniquins ao ancorar na praia da Foz do Rio Cahy e onde deslumbraram a vista do monte do Parque Nacional de Monte Pascoal, terras que só 400 anos depois seriam desmembradas de Porto Seguro, primeiro para formar o território de Caravelas e posteriormente para formar o município de Prado. O escrivão português Pero Vaz de Caminha muito bem descreveu a geografia desta região da Foz do Rio Cahy em sua primeira carta ao Rei de Portugal, como a primeira porção de terra avistada pela tripulação de Pedro Álvares Cabral.
Ao cair da tarde de quarta-feira do dia 22 de abril de 1500, a esquadra cabralina depois de 44 dias de navegação finalmente ancora as margens das águas mornas do Recife de Corais dos Carapebas a 6 quilômetros da terra e avista uma larga costa marítima com barreiras e falésias sob a foz de um rio sombreado por um monte aos fundos. Na manhã de quinta-feira do dia 23 de abril de 1500, cumprindo determinação de Pedro Álvares Cabral, o experiente capitão Nicolau Coelho sobre uma embarcação de menor proporção navegou com sua equipe até a foz do rio para tentar estabelecer confabulação com cerca de 20 índios curiosos que estavam sobre a praia.
Apesar das tentativas, nenhum diálogo foi possível ocorrer, embora a ideia de jogar um espelho em direção aos despidos índios fora bem-sucedida. Na manhã seguinte de sexta-feira, dia 24 de abril de 1500, houve a partida seguindo a direção do vento ao norte do litoral, a procura de um pouso seguro, para que a esquadra ancorasse definitivamente, até porque o litoral da Foz do rio Cahy nunca foi e até os dias atuais ainda não é um atrativo muito concorrido por não ter local seguro para fundear embarcações. O porto seguro é “uma contensão natural de pedras” que parece delimitar a área, mas, na verdade, têm a função de proteger o acervo da força das marés.
Mas antes da partida Cabral decidiu em batizar o local do ancoradouro de “Carapebas”, em louvor ao “lambari carapeba”, um peixe prateado de boca protrátil que só vive em regiões marítimas de água quente, assim ficando registrado “Recife de Corais dos Carapebas”. A foz do rio onde se deu o primeiro contato dos portugueses com os índios pataxó e tupiniquins que viviam no local, o capitão-mor Pedro Álvares Cabral, batizou de Foz do Rio Cahy em tributo ao horário em que a esquadra chegou para promover tal descoberta ao “cair da tarde” daquele 22 de abril e também em razão do estado íngreme da praia, cujo declive até hoje se mantém. E em homenagem àquela semana de páscoa o “monte” visualizado aos fundos da foz foi cristianizado de Monte Pascoal. Embora esteja a 28 quilômetros de distância da foz, mas quando visualizado na proporção do mar para terra, você adquire uma visão singular e enxerga o monte numa proximidade ímpar bem aos fundos da Foz do Rio Cahy, igualmente os portugueses enxergaram em 1500.
O pouso seguro é encontrado após a esquadra cabralina navegar mais de 10 léguas (65 quilômetros). O local foi denominado de Porto Seguro por Cabral, onde reabasteceram de água e lenha na Foz do Rio da Vila e um maior contato foi possível se promover com os índios da localidade. Uma vila de choupanas foi visualizada no alto onde é hoje o Centro Histórico da cidade de Porto Seguro. Em 26 de abril de 1500, Cabral ordenou que todas as naus e caravelas subissem ao norte (16 quilômetros) e fossem para a foz de um rio que possuía um pouso seguro ainda mais seguro e lá, mandou então que um altar “muito bem arranjado” fosse erguido da parte emersa do Ilhéu de Coroa Vermelha, onde ficariam ancorados por 6 dias. Ali, frei Henrique Soares de Coimbra celebrou a primeira missa do dia 26 de domingo de pascoa, junto com os demais frades e capelães, feito, que se repetiu em 1º de maio na foz do rio Mutari e no dia 2, houve a partida das tripulações.
A Foz do Rio Cahy, símbolo principal do descobrimento do Brasil só deixou de pertencer ao território provinciano de Porto Seguro, 355 anos depois da descoberta do País, porque no dia 23 de abril de 1855, a Foz do Rio Cahy passou a integrar ao território de Caravelas, o terceiro município emancipado na costa do descobrimento. A Foz do Rio Cahy pertenceu Caravelas por 41 anos, até que em 20 de julho de 1896 passou a vincular-se ao município de Alcobaça. Mas 22 dias depois, o município de Prado foi criado em 02 de agosto de 1896 e, o limite territorial de Prado foi em direção ao norte até o rio Corumbau e a Foz do Rio Cahy que ficou antes do limite, passou definitivamente a pertencer desde então ao município de Prado.